terça-feira, 2 de março de 2010

A linguagem do carimbó: um pensamento simples do homem ou um pensamento do homem simples?









A cultura do carimbó enquanto poesia revela fatos, conta “causos” de pescadores e agricultores da região. Salles Apud Maciel(1983) afirma que a poesia do carimbó nasceu dos sentimentos de nostalgia, anseios de liberdade da necessidade de expurgar sentimentos reprimidos, então, o caboclo passa a compor e falar tudo em forma de canção.
A poesia do carimbó tem como característica retratar o dia-a-dia do “homem interiorano, esquecido, injustiçado, desconhecido e desamparado” (MACIEL 1983 P.) que busca um lugar na história a qual contribuiu.
Dentre as características da poesia do carimbó Maciel (1983) aponta em primeiro lugar ao poder de síntese nas composições de carimbó. Que com uma linguagem ingênua e objetiva tem o poder de retratar em apenas alguns versos (dois) a totalidade de seu pensamento conforme se percebe neste trecho de autoria de Mestre Lucindo.
Rufa meu pandeiro
Ripinica o curimbó
Este velho é injuado
Só qué qui dance di palitó
É di palitó, É di palito
Esse velho é injuado
Só qué que dance di palitó


Conforme observamos na poesia acima, o autor tem algo a reclamar, a dizer; e para isso, utiliza palavras simples do linguajar caboclo e denuncia o fato do senhor Manoel Inspetor exigir o uso de paletó nas festas que promovia na sua residência.
Outro componente da música de carimbó é a metáfora, o simbolismo tem uma função importante na canção. Para retratar uma realidade busca através das metáforas. Como na letra que mestre Luncindo compôs:

Dei um nó na fita verde
Desmanchei pela encarnada
Quem souber de meu segredo
Cale-se não diga nada.
É também marca da poesia de carimbó a personificação da natureza. Elementos da natureza possuem sentimentos que o autor conhece e compartilha. Através da humanização de seres o poeta fala de conflitos, denuncia os crimes contra a natureza, relata histórias de amor e mostra o dia-a-dia do caboclo. O autor fala da natureza que não é algo externo, mas, ema extensão de seu corpo. Como se observa nesta letra de Mestre Lucindo:


Olha o bico do pavão
Quando pesca o camarão
Ai, ai,
Que dor no coração.

Os sentimentos nas poesias de carimbó é uma constante: amor à mulher amada, à natureza, encontros e desencontros.O diálogo com essa natureza que lhe dá o sustento: o peixe, os mariscos; seu sustento. Vem daí o respeito que os autores das letras matem com ela e com os lugares que vivem: ufanismo.

Eu sou marapaniense
Não posso negar que sou
Em toda parte que chego
Encontro sempre novo amor.

Quanto à estrutura, a poesia do carimbó, distribui-se em dois quartetos ou um quarteto e um terceto. A repetição dos versos é também uma constante, por exemplo, em uma música há frases que chegam a repetir até quatro vezes.

Tem-se também uma questão, não menos importante na poesia de Mestre Lucindo: a desigualdade social. Segundo relatos de mestres do local, a poesia “anel de ouro” foi cantada improvisadamente. Mestre Lucindo enquanto se apresentava em um local requintado da cidade de Belém, quando uma mulher de origem francesa pediu para que o Mestre compusesse uma música que falasse do anel que ela estava usando. Foi então que dentro de sua simplicidade e sabedoria cantou:

A menina bonita
Tem anel do ouro
Parece um tesouro
O dedinho dela

Ah quem me dera
Que eu fosse rico
Se eu tivesse dinheiro
Casaria com ela.

Visto que, o município de Marapanim diante da diversidade brasileira é rico culturalmente. Danças e festas típicas podem ainda ser presenciada, apesar da crescente invasão de ritmos, danças e estilos trazidos de vários locais do Brasil. Essa penetração de ritmos acontece principalmente em períodos de feriados nacionais e locais em que a presença de turistas é maior. Período esse que poderia servir de divulgação da cultura local através de apresentações de grupos de carimbó corroborando também para a troca cultural.

PROJETO EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA "SALES NEVES"
















ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL "FRANCISCO DE SALES NEVES"







Escola Municipal de Ensino Fundamental “Francisco de Sales Neves” localizadas à Rua Padre José Maria do Vale número 276 – Centro da cidade de Marapanim. Essa escolha deveu-se ao fato de ser o local de trabalho da pesquisadora e ter sido nela o primeiro contato como professora desde o ano de 1998.
A escola “Sales Neves”, como é conhecida no município possui uma área externa de 4067 m² e de área interna com 600m². Conta-se com 01 copa-cozinha, 01 biblioteca, 01 sala de professores, 01 salão recreativo, 01 quadra de esportes e 05 banheiros.
Esta instituição está autorizada a funcionar com as modalidades: Ensino Fundamental, Educação Especial e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Abrangendo um total de 648 (seiscentos e quarenta e oito alunos), distribuídos dessa forma: 574 matriculados de 5ª à 8ª série, 74 estão na Educação Especial e 148 matriculados no EJA. Perfazendo um total de 24 turmas distribuídos em quatro turnos: manhã de 07:00 às 11:45, tarde de 13:00 às 17:45 e noite das 19:00 às 10:45.
A escola recebeu este nome em homenagem ao Prefeito da Cidade: Francisco de Sales Neves. E sua administração ficou no início nas mãos da Senhora professora Agar Monteiro Alves no período de 1976 a 1979, sendo substituída pela professora Maria das Graças do Rosário Braga que permaneceu até 1986. De 1986 a 1997 esteve à frente da administração o professor Joaquim Carlos Rabelo, até 2000 assumiu o professor Pierre Jorge Palheta, Manoel de Carvalho Botelho, professora Ivete Real, retornou em 2005 o professor Pierre Palheta e atualmente responde pelo cargo de gestor o professora Cláudia Regina Monteiro Costa.
Esta instituição de ensino foi inaugurada em 20 de julho de 1976 nesse período estava vinculada à Secretaria Estadual de Educação, atualmente, dada a municipalização do ensino, ficou a cargo da Secretaria Municipal de Educação – SEMED. A municipalização desta escola ocorreu em 1998 através do decreto.
Em 1999 quando ocorreu o processo de municipalização do ensino em Marapanim, a Secretaria Executiva de Educação apresentou uma proposta estabelecida pela Cartilha de Municipalização (1998; p.oito) estabelecendo que o processo iniciaria pela Educação Infantil passando pelo Ensino Fundamental (1ª à 4ª série) e alcançaria o Fundamental de 5ª à 8ª série ficando a partir daí a educação a cargo do município.
Pela parte da tarde estudam 66(sessenta e seis) alunos divididos em duas turmas de primeira série e uma turma de segunda série compreende o período de 15:00 às 18:45.
Dentre o número total de discentes há os que residem na sede do município e os que moram em localidades afastadas, destes, alguns chegam até a escola de bicicleta acompanhado pelos pais, outros chegam de ônibus contratados pela Prefeitura para transporte de estudantes.